quarta-feira, setembro 26, 2007

Eles são amadores!

Terminou ontem a participação da selecção portuguesa no mundial de rugby, com mais uma prestigiante derrota que a todos enche de orgulho e desta vez frente à Roménia que, como se sabe, é constituída por jogadores profissionais! É que - e isto não tem sido muito divulgado - os nossos são amadores!

Eu confesso que, antes desta fantástica prestação da nossa selecção - eles são amadores, porra - sempre tinha achado o rugby um desporto para queques abrutalhados, sem os mínimos para trabalhar no negócio da família e que, já fartos de andar de iate e de aparecer nas festas do jet set, ainda não podiam jogar golfe, por não terem os 90 anos de idade exigidos por esse exigente desporto.

Para mim, pobre ignorante, o rugby não era mais do que um valente "tens a bola na mão, levas com o Afonso, o Tomás, o Santiago e todos os primos deles em cima, que é para aprenderes! Chutas a bola e lá vai o Afonso, o Tomás, o Santiago e todos os primos deles a correr atrás dela como imbecis e a cair em cima - literalmente cair em cima - de quem a apanhar"!

E as formações?

Alguma vez sonhaste conhecer de perto os glúteos de aço do primo Martim, ao mesmo tempo que dás a conhecer os teus ao teu amigo Zé Maria, que sempre duvidou da rijeza deles e os queria sentir no balneário? Joga rugby e terás oportunidade de senti-los, cheirá-los e até mordê-los, se estiveres para aí virado... e o teu amigo Zé Maria também! Alguma vez tiveste a fantasia de sentir as protuberâncias genitais do tio Sottomaior enfiarem-se na tua orelha, enquanto sufocas com a cabeça mergulhada numa poça de lama, debaixo de 500 quilos de masculinidade enlouquecida, numa qualquer quinta, na zona de Cascais? Joga rugby e terás oportunidade de concretizar esta e outras fantasias semelhantes! Ah, e ainda podes dizer a toda a gente que isto não é o festim homo-erótico descarado que parece, mas sim uma forma de desenvolver a coragem, o espírito de equipa e passar o tempo até teres idade para jogar golfe.

E como eu nunca senti necessidade de conhecer de perto os glúteos de nenhum familiar, nem tenho particular gosto por ser esmagado sob várias toneladas de armários a esguichar testosterona no estado gasoso por todos os poros, é fácil perceber porque nunca gostei do rugby.
Logo eu, que até acho que a lama só presta para cobrir aquelas profissionais que lutam corajosamente em biquíni - esse sim, um espectáculo desportivo que vale a pena ver - e a quem o imaginário homo-erótico de Cascais nunca chamou a atenção.

Por isso a minha atitude para com este resquício moderno de algum ritual primitivo parvo era um saudável desprezo. Um pouco como a minha atitude para com a tourada.

Isto até ao campeonato do mundo! Porque desde o campeonato do mundo que não faço outra coisa senão sonhar com a bandeira e trautear baixinho o hino mas com garra, quando vou à casa de banho no emprego. E até já ando a tentar ouvir fado! O rugby enche-me de orgulho e insuflou-me de fervor patriótico, como se fosse um balão meteorológico cheio de fervor patriótico em vez de hélio! Eles são amadores, mas isso não os impede de cantar o hino aos berros e a chorar, antes de mais uma derrota histórica, nem de perder os jogos todos com um sorriso nos lábios, como se os tivessem ganhado!

E apesar de trabalharem e terem profissões comuns, como qualquer um de nós (há gestores de empresas, dirigentes de associações de caridade, assessores de ministros, sócios de firmas de advogados, etc) e, por isso, não poderem treinar todos os dias (excepto nos últimos 4 meses, em que estiveram a preparar-se para o mundial), isso não impediu os nossos lobos de contarem nas suas fileiras com o jogador mais pesado da competição! Inchem, badochas neozelandeses! Queriam ter lá um destes, não era? E também tiveram um jogador com uma lesão na mão, como se fosse um profissional! Tomem! É um beto amador, mas aleija-se tanto como os profissionais! E, pasme-se, um deles até espetou uma cotovelada na tromba de um escocês que, é preciso dizê-lo, era profissional, mas isso não lhe serviu de grande coisa contra o nosso lobão (que por acaso é um amador argentino que a gente recrutou e agora é luso-argentino)! E até foi suspenso e tudo, como se fosse um jogador a sério! Querias, ó escocês!

Dá-me vontade de uivar de orgulho, ou de cantar o hino nacional, mas daquela forma esquisita, à lobo, como se tivesse a pila entalada no fecho das calças e a única forma de desentalar fosse cantar o hino bem alto!

Não me entendam mal: eu ainda acho que o rugby é um desporto parvo, em que o talento se mede ao quilo e ao segundo que se demora a fazer os 100m, praticado por gente que não só não tem mais nada para fazer, como tem um severo recalcamento homossexual gravado bem fundo no cérebro.

Mas agora, depois deste mundial, é um desporto parvo, onde os nossos são amadores e vão lá dar cotoveladas na tromba dos profissionais. Onde perdem os jogos todos, mas ficam todos contentes na mesma! Onde cada cantadela de hino é um esforço titânico para desentalar a pila do fecho das calças! E isto enche um gajo de orgulho, pá! É algo onde os nossos são medíocres, mas têm orgulho nisso... e só por isso já merecem o meu respeito e admiração, porque estes lobos são uma imagem perfeita do que nós somos como país! Medíocres and proud of it! É isto a alma lusitana! É isto o fado!

E digo mais: os toureiros que se tornem amadores, deixem perceber de tourada e metam um fecho naquelas calças apaneleiradas onde possam entalar a pila como lobos, que eu passo a ir vê-los levar cornadas no lombo ao Campo Pequeno, embrulhado numa bandeira nacional e com um busto da Amália tatuado na testa!

sexta-feira, maio 04, 2007

CML: crónica de uma morte anunciada

"Imbecil" é um insulto ternurento e aplica-se a alguém que é parvo na essência, mas ingénuo e, às vezes, até bem intencionado. Fazem falta mais imbecis em Portugal, em cargos de responsabilidade! Há bem pouco tempo, tínhamos um dos maiores imbecis de sempre à frente do país e foram momentos de grande felicidade! Propostas anedóticas, metáforas hilariantes, actos governativos a roçar o surrealismo... foram, de facto, bons tempos!

Infelizmente o governo caiu, houve eleições e agora somos governados por um autómato frio, metódico, calculista e infalível! Todos os actos públicos são pensados e planeados ao mínimo detalhe e as próprias medidas anunciadas têm um carácter sério, sisudo e pouco divertido. O governo funciona como um relógio suíço e não há lugar a falhas. Há imbecis na oposição, mas não é a mesma coisa!

Felizmente, há um legado de imbecilidade na Câmara Municipal de Lisboa que, nos últimos dias, nos deu a todos boas razões para voltar a sorrir!

E a sua origem é simples e começa mais a norte. Depois de ter triunfado nas autárquicas e ter ganhado a câmara da Figueira, o menino-guerreiro que, como todos sabemos, é o único verdadeiro herdeiro do grande Sá Carneiro, dedicou-se a arruiná-la financeiramente com todas as suas energias, deixando como grande legado para as gerações futuras o afamado mundialito de futebol de praia, que nos tem mantido entretidos naquelas tardes quentes de verão, em que exagerámos no almoço e não podemos ir imediatamente para a água. O PSD, como partido responsável, reformador e conservador que é, resolveu recompensar este excelente desempenho autárquico, com a candidatura à câmara da capital, que lhe fugia já há muito tempo.

Com o seu carisma, a sua extraordinária beleza e o seu, não menos extraordinário, cabelo, o menino-guerreiro levou a cabo uma campanha triunfal com o lema "Vou esbanjar todo o dinheiro da câmara em obras de fachada e campanhas de marketing pessoal", suficiente para convencer os lisboetas e o Pedro Granger, que chorou de alegria, na noite da vitória!

Inspirado pela dimensão do desafio à sua frente, pois governar Lisboa é um desafio, o nosso herói conseguiu arruinar a autarquia em metade do tempo que tinha demorado a arruinar a Figueira! Campanhas de marketing permanentes ("Estamos a tapar um buraco nesta via", "Estamos a recolher o seu lixo", "Estamos a ir à câmara quase todos os dias", "Lavamos sempre as mãos a seguir a ir à casa de banho", etc) e alguns elefantes brancos com custos astronómicos - cujo expoente máximo é o famoso escorrega subterrâneo do marquês - justificaram esta duplicação da produtividade!

A seguir, pirou-se para o governo, para nos entreter a todos e não só aos lisboetas, até porque sem dinheiro é difícil fazer campanhas de marketing e elefantes brancos como deve ser, e deixou no seu lugar o número dois, o actual ex-presidente da câmara de Lisboa, o inenarrável Carmona, cujo cabelo é quase tão extraordinário como o seu! Com a queda em desgraça da saudosa e belicosa criança e consequente ascensão ao poder do robótico não-engenheiro, naquela noite de má memória para todos os portugueses e para o Pedro Granger, que chorou de tristeza, o inenarrável Carmona conseguiu segurar-se no poleiro de Lisboa, graças à desastrada escolha de candidato feita pelos socialistas. De facto, para uma cidade como Lisboa... para qualquer cidade europeia moderna, até um sismo de grau 9 na escala de Richter é preferível ao trio Manuel Maria, Bárbara e Dinis Maria! E Carmona é parvo, mas não é nenhum sismo, pelo que a escolha dos lisboetas foi sábia e acertada!

E assim chegámos a ontem, quando o imbecil foi constituído arguido e passou a tarde na cavaqueira com os inspectores da PJ. À noite ficámos a saber que não se demitia, porque "o capitão não deve ser o primeiro a abandonar o navio e é sempre giro desautorizar publicamente o Marques Mendes".

Mais, aproveitou a oportunidade proporcionada pelo tempo de antena nos telejornais a que qualquer figura pública sob suspeita de corrupção tem direito, para fazer campanha eleitoral e manifestar o seu espanto por toda a gente querer que ele saia, só porque a Câmara Municipal de Lisboa está na bancarrota e vários dos seus mais altos responsáveis, incluindo ele próprio - o presidente - foram constituídos arguidos num caso de corrupção. De facto, não se compreende!

Hoje, à hora a que escrevo estas palavras, já os vereadores do PSD se demitiram - perdendo uma excelente oportunidade de se juntarem ao exército de altas figuras do partido que já desautorizaram o Marques Mendes - e provocaram a queda do executivo camarário! A discussão agora é se as eleições devem ser convocadas só para a presidência, ou se a assembleia municipal também deve ser submetida a novo escrutínio.

Marques Mendes já disse que o PSD, como partido desapegado do poder que é, prefere não convocar eleições para a assembleia municipal, mantendo-se assim em funções o actual executivo... do PSD. Paula Teixeira da Cruz já disse que, com o sentido de responsabilidade que sempre teve, o melhor é manter-se em funções, evitando assim o risco de nas eleições ser eleito alguém muito pior para o seu cargo, como por exemplo o trio Manuel Maria, Bárbara e Dinis Maria! Por seu lado, António Capucho, sempre bem humorado, não perdeu a oportunidade de desautorizar Marques Mendes e considerou evidente que as eleições devem ter lugar para os dois órgãos.

Ninguém sabe do Pedro Granger, mas deve estar a chorar... de perplexidade!

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Eu voto não!

No próximo dia 11 de Fevereiro eu voto não à liberalização total do aborto!
Acredito que uma decisão se deve tomar após ponderação cuidadosa e reflexão profunda. As razões do meu "não" veemente encontram-se, por isso, enunciadas abaixo.

A razão moral

Sou um defensor absoluto e intransigente da vida e acredito que ela começa no instante infinitesimal da concepção. Para mim, a vida é um valor absoluto, que não pode ser posto em causa em nenhuma circunstância. No momento seguinte à fecundação do óvulo, o bebé passa a ser uma criatura abençoada por Deus com o dom da vida, já com a alma completamente formada - é a ciência que o demonstra - e com tanto direito a crescer e a desenvolver-se, como a sua mãe, ou qualquer um de nós! Este é um princípio fundamental, incontornável e inegociável em qualquer circunstância e sem nenhuma excepção! Assim sendo, um aborto - e aqui incluo aqueles abortos efectuados com as chamadas "pílulas do dia seguinte" - é um infanticídio e não só deve ser crime, como deveria ser punível com a pena de morte ou, pelo menos, prisão perpétua, porque não há nada mais repugnante do que matar um bebé (excepto, talvez, cheirar o hálito do Alberto João Jardim vestido de príncipe dos zulus, num qualquer Carnaval madeirense)! Para além disso, um acto sexual em que se usa um método contraceptivo qualquer, como por exemplo um preservativo, ou um feitiço contraceptivo africano, é uma conspiração contra a vida e deveria haver uma moldura penal severa para o punir! E o próprio sexo oral, que toda a gente tem esquecido neste debate, também deveria merecer uma pena, porque um bico pode ser uma forma de canibalismo (pelo menos em potência)!

Ia-me esquecendo: os casos de gravidez resultante de violação, ou com malformações do feto, não contam e, por isso, pode-se abortar nesses casos, porque aí já não há vida, mas sim apenas uma amálgama de células sem sistema nervoso central, nem cérebro ou sensações.

A razão imoral
A prática do sexo por parte de uma mulher é um acto imoral e é por isso que acarreta consigo uma penitência: a gravidez! Se é um facto que para o homem, o sexo é salutar e encorajado por Ele - não é por acaso que é um "Ele" e não uma "Ela" - com a mulher passa-se exactamente o contrário e uma gravidez não é mais do que um castigo que Deus lança sobre a fornicadora, para a punir pelo seu pecado. É esta a razão porque o homem não engravida e o nascimento de um bebé é um processo extremamente doloroso para a mulher, mas completamente inócuo para o homem.

O aborto, tal como todas as práticas contraceptivas, ou até a própria epidural, constituem, por isso, desafios directos à autoridade de Deus e não podem ser aceites ou tolerados em nenhuma sociedade civilizada, sob pena de sofrermos todos o castigo divino! E nós sabemos bem que a mostarda Lhe sobe rapidamente ao nariz e como isso normalmente não são boas notícias para nós! Quem defende a despenalização do aborto, as epidurais, ou os métodos contraceptivos, deverá ter bem presente o que aconteceu a Sodoma e Gomorra quando decidiram desafiar a Sua vontade! Quando os exércitos de anjos vingadores estiverem a arrasar as nossas cidades, ou as pragas bíblicas ceifarem vidas atrás de vidas, não se queixem, nem digam que não foram avisados...

A razão logística
Eu não quero que o aborto se torne mais um meio contraceptivo! E, se deixarmos a decisão de fazer um aborto ou não exclusivamente nas mãos das mulheres, que, como todos sabemos, são - pese embora toda a sua beleza e utilidade doméstica - criaturas imprevisíveis, irresponsáveis, pouco ágeis de pensamento e parvinhas por natureza, o mais certo é que haja uma massificação dos abortos contraceptivos, em detrimento de métodos menos incómodos e também menos eficazes de contracepção, como por exemplo, o preservativo, a pílula, ou o feitiço contraceptivo africano. De facto, estudos científicos demonstram que o aborto é eficaz na prevenção da gravidez, em 99.999999999999999% dos casos (a excepção foi a tentativa frustrada de aborto, em 1942 de uma tal Lara Lor-Van, mulher de Jor-El e mãe de Kal-El, mais tarde famoso sob o nome artístico de Super-Homem, que terá saído a voar do seu útero, a meio do procedimento), enquanto a eficácia da pílula ronda os 98% e o preservativo se fica por uns bem mais modestos 95%. Sobre o feitiço contraceptivo africano não há dados estatísticos publicados, embora o professor Karamba me garanta que "às vezes resulta".

Com a liberalização do aborto aprovada, porque haveria uma mulher, mesmo com as limitações intelectuais que todos lhes reconhecemos, arriscar usar uma pílula, ou obrigar o parceiro a usar preservativo, com todos os incómodos que isso causa, quando pode fazer posteriormente um aborto, com todo o conforto que só um hospital público pode proporcionar, aproveitando para se baldar ao trabalho e, quem sabe, talvez até conhecer um médico giro? É evidente que, passando esta liberalização, nenhuma mulher vai sequer pensar duas vezes!

A razão legal
A lei portuguesa actualmente em vigor é igualzinha à espanhola em todos os pormenores, sem diferença absolutamente nenhuma, a não ser o pequeno detalhe de, em Espanha a interrupção voluntária da gravidez ser completamente legal e até produto de exportação, inclusivamente, para Portugal. Ora se a lei em Espanha, que é um país muito mais avançado, funciona tão bem e é igualzinha à nossa - exceptuando a tal minudência legal - porque é que haveríamos de estar a ter trabalho e chatice com alterações parvas? Não faz o mínimo sentido e é um desperdício dos recursos do país! Sigamos o exemplo dos países mais avançados e deixemos estar tudo como está... quase como em Espanha!

O contexto internacional
É um facto absoluto e provado cientificamente que a questão da legalização do aborto é uma medida da civilização e da força moral de um país! Portugal tem, neste referendo, uma oportunidade única de gritar ao resto do mundo, de peito aberto "nós estamos na liderança da civilização, com os nossos princípios sólidos de respeito absoluto pela vida e pelo aborto clandestino, e na boa companhia de outras civilizações emergentes e moralmente avançadas, como a Somália, o Arábia Saudita, ou até o Irão"! Chega de andar a reboque das potências moralmente decadentes do ocidente, como Inglaterras, Suécias, Alemanhas, Franças e afins! Unamos a nossa voz à pureza de princípios que só o fundamentalismo religioso, ou um estado falhado e governado por senhores da guerra, nos pode oferecer!

A razão demográfica xenófoba, também conhecido como "argumento Cátia Guerreiro"
Se o "Sim" ganhar no referendo, haverá um aumento brutal dos abortos - porque, como é sabido, até agora e com a lei actual, praticamente não se fazem - a ponto de pôr em causa a própria renovação da população portuguesa! Isto conduzirá, são os cientistas que nos dizem, no curto/médio prazo, a um desaparecimento total da população portuguesa e sua completa substituição por emigrantes brasileiros, ucranianos e chineses! Portugal deixará de ser o belíssimo país que é hoje, cheio de sol, praia e fados, para passar a ser um pesadelo de esplanadas, estaleiros de construção civil e lojas e restaurantes de baixo custo e qualidade, mas sem fados, praias, ou sol. Se queremos garantir a sobrevivência do nosso país, da nossa língua e da nossa cultura, não podemos votar outra coisa que não um sonoro e rotundo "NÃO"!

A razão jurídica
Uma das melhores e mais avançadas características da lei actual é o facto de não se cumprir! O aborto é proibido, a lei prevê pena de prisão para as mulheres que o pratiquem, mas podemos orgulhosamente dizer que nenhuma mulher está na cadeia por ter interrompido voluntariamente a gravidez clandestinamente e em condições precárias! Esta modernidade jurídica, que aliás se aplica a muitas outras leis do nosso código civil e penal (a lei da corrupção desportiva, vem-me imediatamente à memória, por exemplo), em que o principal papel do texto legal é mais enunciar uma posição de princípio da sociedade em relação a um determinado assunto, do que propriamente legislar à séria, com aplicação de penas e isso, é o maior garante legal da bondade do estado de coisas actual!

Para quê, por isso, substituir esta lei por uma que tenhamos mesmo de cumprir, com todas as chatices e gastos adicionais que isso vai trazer? Não é melhor deixar tudo como está? Eu prefiro uma lei que me proíbe uma coisa, mas me dá toda a liberdade, enquanto cidadão, de não a cumprir, do que uma que legaliza a mesma coisa, mas me retira a liberdade de a violar! É uma questão de princípio e, por princípio, eu sou pela liberdade de não cumprir as leis do meu país!

É por todos estes motivos - morais, imorais, logísticos, legais, demográficos e jurídicos - que eu voto "Não" no referendo do próximo dia 11!

E tu?

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terça-feira, janeiro 02, 2007

Ano novo

Ano novo, vida nova, costuma-se dizer... mas não por aqui!

Ano novo, vícios velhos, graças a Deus! Este blog continuará a ser actualizado esporadicamente e quando der jeito, porque o seu autor é um gajo esporádico por natureza e que só faz as coisas quando dá jeito. E assim é que é bonito!

Mas há uma novidade aliciante neste ano novo e que é o novo serviço praticamente completamente gratuito! É verdade, o mundo cinzentão, triste e deprimente que todos temos de suportar nos momentos menos Pêranabarbianos das nossas vidas fúteis, pode agora ser embelezado com toda a facilidade, através da adesão ao novíssimo serviço Pêra na Barba Pro, que ainda por cima é praticamente completamente gratuito! Com um acto simples, abre-se uma janela para um mundo de conteúdos originais e interessantes, do mesmo autor de sucessos como "Hilário, o padre com obesidade mórbida", o lendário músical cómico, ou o mais recente "As viúvas da festa brava", o comovente fresco sobre 3 vacas grávidas cujos companheiros foram selvaticamente massacrados na arena do campo pequeno por um toureiro heterosexual e que está prestes a ser levado ao pequeno ecrã pelas mãos hábeis de Comissário Moita Flores, numa grande produção da RTP. E tudo isto com uma actualização quase diária! É mesmo para não perder!

Altamente recomendado a todos os que visitam este blog diariamente, ou já o visitaram pelo menos uma vez na vida, mesmo que tenha sido por engano, numa noite solitária e de maior consumo alcoólico, enquanto procuravam pornografia vegetal de qualidade, ou pelo menos amor inter-reino natural escaldante.

Adiram já!

terça-feira, novembro 07, 2006

A insensibilidade democrática

Um dos grandes defeitos da democracia moderna é a sua frieza e falta de sensibilidade, no que a assuntos do coração diz respeito, particularmente em resultado de processos eleitorais. De facto, e por mais estapafúrdio que possa ser, os eleitores às vezes parece que não pensam nos sentimentos das pessoas antes de largarem o voto na urna! Insensíveis! E ao longo da história democrática, não faltam os exemplos de corações despedaçados e vidas completamente destruídas, em resultado desta falta de sensibilidade.

E as consequências são, normalmente, muito pouco simpáticas!

A mais recente vítima de uma destas tragédias da vida real é, talvez, a pessoa que menos merecia neste planeta: o gentil, sensível e frágil Luís Delgado, que é de todos nós.

A recente derrota esmagadora do intelectual desconstrucionista do Texas e seus líricos republicanos neo-cónes, às mãos dos outros, destroçou o seu coraçãozinho frágil como porcelana, que, para piorar, se encontrava ainda a cicatrizar das feridas causadas pela derrota copiosa de Pedro Santana Lopes, o Bonito, nas últimas eleições legislativas.

Não há mesmo justiça neste mundo! É nestas alturas que se põe tudo em causa, até a própria existência d'Ele, lá em cima, a velar por nós! Qual o objectivo deste sofrimento, Deus? Para quê fazer sofrer quem não merece, desta maneira? É um teste? Estás a testar-nos? Estás a testar-me? Não compreendo, nem sei se quero compreender...

Quem leia, com olhos de ver, a sua ternurenta e ingénua crónica semanal no DN, não pode deixar de sentir a amargura, a tristeza e o desapontamento escondidos por trás de cada cada palavra, cada vírgula, ou cada ponto final, escritos pela mãozinha trémula de Luís Delgado. Quase se conseguem ver as lágrimas choradas a manchar o site do DN. É a marca inequívoca de um coração reduzido a cacos por um desgosto de amor. Como é possível uma pessoa, com um coração a bater-lhe no peito, não se comover com isto?

E ele, de facto, não o merecia!

Para começar, porque quase é um observador atento e um analista arguto, principalmente quando não analisa nem observa. E quando analisa e observa, se é verdade que as suas análises têm a clarividência de uma toupeira cega e a inteligência de um bloco de granito particularmente estúpido, não é menos verdade que é por pouco! Já por várias vezes - duas - esteve perto de não acertar uma análise política completamente ao lado e até, nalgumas ocasiões, posso garantir que já vi sair da sua boca outra coisa que não um disparate pegado e pejado de racismo, machismo, homofobia e xenofobia revoltante (normalmente sucede a seguir a ter consumido bebidas gaseificadas em quantidade).

Mas, por mais grunfo que possa ser - e Luís Delgado atribui um novo e anteriormente impensável significado à palavra - é de certeza também um grande pinga amor, frágil e sensível, que dá o seu coração e se entrega totalmente a quem tenha para com ele uma palavra de carinho! Foi assim com Durão Barroso, depois com Santana Lopes, o Bonito, e agora com a obra intelectual de George W. Bush e o seu surrealismo maniqueísta!

E quando se entrega, o pequeno Luís, o neo-nazi mais fofinho deste lado do atlântico, é fiel e leal até ao fim! Quem não se lembra das suas elegias delirantes ao desempenho de Santana Lopes, o Bonito, nos últimos dias da tragicomédia, antes do presidente adormecido ter sido acordado em sobressalto e forçado a convocar eleições?

E quem não se lembra dele, ainda há poucos meses, a manifestar a sua convicção absoluta - e solitária: nem o próprio George W. a partilha - de que ainda vão ser encontradas armas de destruição massiva no Iraque?

Quem não esboçou já um sorriso terno e compreensivo, como o de um pai divertido com a asneira inocente e ingénua de um filho pequeno com problemas de aprendizagem, perante as suas atoardas imbecis e xenófobas, em relação à situação no médio-oriente?

Porque a verdade é só uma: Luís Delgado pode não ter noção do ridículo, pode ter o discernimento de uma coisa qualquer sem descernimento, pode ter um perfil igual ao focinho de um doberman e ser incompreensível a razão pela qual lhe é permitido andar na rua sem açaime, mas uma coisa lhes garanto, não há lambe-rabos de direita, mais fiel e leal que este!

E a razão é simples: o que o move é o amor!

Se Luís Delgado tem algum defeito, esse defeito é o mesmo que tem afligido tantas mulheres por esse mundo fora, ao longo de incontáveis séculos: não saber escolher os seus homens e depois dedicar-se a eles cega e empenhadamente!

terça-feira, outubro 31, 2006

Lesionou-se O Adolescente *

O rescaldo do clássico trouxe-nos uma novidade trágica.

Mais importante do que a injustiça do resultado, mais gritante do que a constatação de que o fcp tem, de facto, uma equipa muito fraquinha, assente na inspiração de 2 ou 3 jogadores, mais incontornável do que o reafirmar da importância da presença de um grande guarda-redes no resultado final, foi a lesão de Anderson!

O que fica deste clássico para a posteridade, o que os nossos descendentes lerão nos livros de história, quando procurarem saber mais sobre este jogo será "foi o jogo da lesão de Anderson, às mãos de um grego vil".

Anderson lesionou-se e às mãos de um grego vil... Deus tenha piedade das nossas almas!

Já todos sabíamos que Anderson não era um jogador de futebol qualquer. É O Adolescente.

Já sabíamos que não chutava a bola, como os outros, mas fazia magia dentro do relvado, como só ele. Já sabíamos que era incapaz de pecar, incapaz de errar e incapaz de ter sequer um pensamento menos puro e que lhe estavam vedadas todas as imperfeições que a todos nós nos afligem!

Anderson não sua! Anderson não cheira mal dos pés! O seu hálito matinal tem o perfume de um campo florido! Os seus excrementos são cilindros perfeitos e inspiradores! A sua flatulência é uma sinfonia de odores campestres, encantadora para o olfacto!

Anderson não fala, canta melodias ternas, não se cansa porque não se esforça, não dorme porque não se cansa, não falha, porque não erra, nem erra porque não tenta! A sua aura é branca e pura, as suas feições delicadas e perfeitas, como de uma ninfa, e o seu corpo escultural como o de um herói homérico.

É uma benção estar perto dele e vê-lo correr, andar, ou respirar. É um milagre ir fechado num elevador com O Adolescente, após um repasto mais pesado de feijão.

Anderson lesionou-se às mãos de um grego vil, Deus tenha piedade das nossas almas!

E quem fez mal a esta criatura divina, largada nos nossos relvados para nos salvar da danação eterna, foi, nada mais nada menos, do que um grego! Era de esperar! É conhecida a perfídia helénica! É conhecido o seu ódio por tudo o que é belo! É conhecida a sua sanha prosecutória a todos os artistas, todos os poetas, todos os talentos!

E este não era um grego qualquer, mas sim um príncipe das trevas, um campeão da perfídia! Um demónio negro, expressamente contratado nas profundezas mais escuras do inferno, com o único objectivo de dar cabo do canastro do nosso príncipe da luz, no dragão, no fim de semana que passou!

E foi este grego, negro, sujo e fétido, que fez um corte limpo, no sentido em que jogou primeiro a bola, mas imundo no sentido em que ousou tocar n'O Adolescente, conspurcando a sua perna perfeita, com o veneno que havia de ferir de morte o talento, durante 2 ou 3 meses. E foi na sequência desse corte, premeditado, planeado e conspirado em inúmeras reuniões com outros demónios, gregos e não só - que também os há - que o anjo caiu!

E com ele morreu o espectáculo e o futebol mundial deixa de ter qualquer interesse, durante 2 ou 3 meses! Morreu a poesia, a pureza e a magia! As trevas triunfaram e reinam sobre todo o futebol, durante 2 ou 3 meses!

Já não poderemos assistir às fintas d'O Adolescente, ao seu esbugalhar de olhos terno, às suas elegantes simulações, ou aos acrobáticos mergulhos para o chão, durante 2 ou 3 meses.

Pior do que tudo, não poderemos cheirar o doce aroma dos seus peidos e já não vale a pena andar de elevador, durante 2 ou 3 meses!

Morra o grego, morra! Morram todos os gregos, inimigos da beleza! Lapide-se o grego em praça pública, durante 2 ou 3 meses! Espete-se a sua cabeça feia num pau comprido, em pleno Terreiro do Paço, para que o mundo veja, e queime-se o seu corpo fétido e venenoso na mais quente das fornalhas!

Cancelem-se todas as competições do planeta, enquanto o príncipe da luz recupera e mudem-se as regras do jogo para impedir que qualquer jogador se aproxime, quando O Adolescente corre com a bola!

É o mínimo que se pode fazer, durante 2 ou 3 meses...

* publicado em simultâneo no blog http://magicoslb.blogspot.com

terça-feira, outubro 24, 2006

É preciso metro-estimulá-los!

Marques Mendes, por entre recordações ternurentas da mãe funcionária pública, afirma corajosamente que os funcionários públicos precisam de carinho!

Ainda mais surpreendente: o modernaço metro-líder do maior partido da oposição diz que é preciso estimular e motivar os funcionários públicos.

Estimular Os Funcionários públicos. Estimulá-los com carinho.

Estimular carinhosamente!

O que estará Metro-Marques Mendes a querer insinuar?

Creio que a larguíssima maioria dos funcionários públicos preferirá algo mais terra a terra, como por exemplo, um chorudo aumento, aos estímulos carinhosos do pequeno grande líder que, reconheça-se, não é nenhum Adónis.

Mas é de louvar a coragem, a frontalidade e a ausência de preconceito! É um pontapé no cinzentismo conservador da nossa classe política!