terça-feira, agosto 23, 2005

Regresso de férias

Chego das férias merecidas e vejo isto tudo a arder...até parece mentira!

Esta gente não saberá que sou um génio literário e não um aerotanque pesado?
Assim não estou aqui a fazer nada, que o momento não é para literaturas!

Só me resta uma saída: pegar no meu escultural (e agora bronzeado) corpo de maníaco do fitness e voltar para férias! Por isso...até meados de Setembro, cambada de infelizes!

E, quando voltar, quero os fogos apagados, que o fumo preto tira-me a inspiração...e sem inspiração do artista, não há arte!

sábado, agosto 13, 2005

Férias, holidays, vacances...

...1 semana num qualquer hotel de 6 estrelas, no Dubai.

quinta-feira, agosto 04, 2005

Eco quê?

Um destes dias acordei num estado difícil de definir. Como uma esponja encharcada em Sonasol, o meu cérebro estava impregnado de verde e consumia-me a vontade irresistível de salvar o planeta, preservar os recursos, reciclar tudo o que me aparecesse à frente e blá blá blá! Felizmente, isso passou-me mal lavei a cara e o inexplicável fenómeno não teve consequências graves!

É que, se alguma coisa esta vida dura e vil me ensinou, foi que a ecologia, as preocupações ambientais, o respeito pela natureza e todas as tretas associadas não são para meninos!

Serão, sem qualquer sombra de dúvida, coisas muito bonitas, poéticas, estimulantes e, com toda a certeza, dignas de figurar nos programas pedagógicos de qualquer instituição de ensino que se preze. Até porque isso permite que sejam usados adolescentes - que, de outra forma, estariam desocupados e sujeitos a tentações tão terríveis e nefastas como as drogas, o álcool ou, pior que tudo, os morangos com açúcar - na execução de tarefas muito nobres, tais como a limpeza das ruas, das praias ou das ruas e das praias. E por um custo muito reduzido, já que um bom ucraniano ilegal custa, pelo menos, o preço de 4 adolescentes, cheios de acne e de boas intenções ecológicas.

Mas, dizia eu, nenhuma pessoa normal pode aspirar a ser eco-aceitável e muito menos eco-recomendável! E por normal, entenda-se todo e qualquer espécime da raça humana que, munido de capacidade de raciocínio complexo e de um polegar oposto aos outros dedos que lhe permite fabricar e manipular utensílios, usa do seu livre arbítrio para optar por uma frequência de banho superior a 1 vez por semana, prefere não usar rastas (lindissimo eufemismo étnico, para descrever cabelo longo e saturado de sujidade) e sabe que existem mais locais a vender roupa, que não o leilão anual das sobras de Woodstock.

É preciso empenho, espírito de sacrifício, coragem e fé! É mais ou menos o mesmo esforço que é necessário para se conseguir ser santo! Minto, é muito mais fácil ser-se santo do que um bom eco-gajo, porque, para a canonização, basta dar umas esmolas aos pobrezinhos, ou tomar LSD, do bom, para se conseguirem umas visões mesmerizantes! Já para se conseguir atingir o eco-nirvana, é preciso saber na ponta da língua um número de regras, regrinhas e regretas, recomendações, leis e normas a cumprir escrupulosamente, avassalador e humanamente impossível de interiorizar, sem uma vida de reclusão e ascetismo, dedicada ao estudo abnegado dos livros sagrados da ecologia. E, pior que tudo, é preciso ganhar a confiança da comunidade ecologista que, apesar de desde sempre estar associada aos ideais de pacifismo, progressismo e tolerância (graças a uma astuta campanha de marketing que tem levado a cabo nos últimos anos), na realidade se assemelha muito mais ao saudoso e universalmente aclamado Tribunal do Santo Ofício, exercendo uma repressão feroz e implacável sobre os incautos prevaricadores, capaz de fazer corar de vergonha e chorar como uma menina de 3 anos, um insensível e duro guarda de campo de concentração nazi!

Demoraste 5 minutos no duche em vez dos 34 segundos permitidos pelo grande manual da ecologia? És um crápula, sem qualquer preocupação com o problema da desertificação e mereces ser empalado num cacto gigante do Sahara!

Tomaste o banho quente em vez de o tomares gelado e com um sorriso nos lábios? És um crápula, sem qualquer preocupação com os problemas da energia e do esgotamento dos recursos do planeta e mereces ser algemado a uma torre de exploração petrolífera e vergastado nas nádegas com um chuveiro!

Deitaste o lixo no caixote em frente da tua casa em vez de andares 10 Km a pé, debaixo da chuva torrencial e sujeito ao vento cortante, para meter, separado por categoria, no ecoponto? És um crápula, sem qualquer preocupação com os problemas do tratamento de lixo e da poupança dos recursos naturais e mereces ser vestido de cabedal negro, que te metam uma bola na boca, te acorrentem a um vidrão e te sodomizem com uma garrafa de vinho verde!

Deitaste a maçã para o chão, apesar de não haver nenhum caixote num raio de 3000 Km e, mais importante, de ninguém ter visto? És um crápula, sem qualquer preocupação com a limpeza do nosso planeta e mereces ser vestido de bombeiro, laçado que nem um vitelo num rodeo, amarrado ao braço mecânico do camião e transformado no boy toy dos rudes e sodomitas trabalhadores da recolha de lixo!

E a lista é infindável! Os únicos pontos comuns parecem ser a proibição inapelável de tudo o que possa contribuir de forma directa para aumentar o nível de conforto dos cidadãos, a falta de origininalidade na adjectivação (crápula até é original, mas, repetido muitas vezes, farta!) e a interessante, freudiana e, porque não dizê-lo, recalcadamente homofóbica escolha dos métodos preferenciais de castigo aos prevaricadores.

Not for me, thank you very much! O meu lixo vai para o caixote, o meu banho será quente e a maçã é adubo em potência!