segunda-feira, dezembro 05, 2005

1º Debate presidencial: o resumo

Como seria de esperar, Cavaco, cada vez mais convencido de que é uma mistura de D. Sebastião com Jesus Cristo, enviado para conduzir Portugal ao seu destino glorioso, e Alegre, cada vez mais contente com a sua barba muito republicana e com o facto de ter melhores sondagens que o Soares.

Excertos reais, retirados do debate de hoje, na SIC:

Como descreve a sua actuação como presidente da república?

Cavaco: Eu, como presidente da república, vou acabar com o deficit e com o insucesso escolar, vou transformar Portugal numa potência industrial pujante e num monstro tecnológico à escala mundial, vou ensinar economia ao Sócrates, boas maneiras ao Freitas, revelar o segredo da pedra filosofal, interpretar o papel de um grande estadista num filme independente francês multipremiado e responder a todas as perguntas filosóficas jamais feitas sobre a origem do homem, do universo e o sentido da vida. E além disso vou aprender a dizer "pograma" como deve ser e a comer bolo rei de matraca fechada.
Alegre: Antes de mais é preciso perceber o que é um presidente da república. Aliás, antes disso é preciso conhecer o que diz a Constituição da república. Aliás, coloca-se uma pergunta interessante: será que é possível perceber em termos absolutos? Será que, no próprio acto do conhecimento, não se está a contaminar de forma irreversível a própria amostra que se pretende conhecer? Será que a árvore faz barulho ao cair na floresta, se não estiver lá ninguém para ouvir? Eu, quando era deputado, votei contra as árvores caírem na floresta! A mim ninguém me cala!

Qual o posicionamento que Portugal deve ter em relação à Europa?

Cavaco: Eu é que sou o grande responsável pela Europa! Eu é que negociei todos os tratados - não só os que foram subscritos por Portugal - que levaram à criação da Europa e inventei o conceito de moeda única! Aliás, eu é que inventei o conceito de moeda! Mais: eu até já estive na Europa várias vezes! Agora é que me estou a lembrar: eu é que provoquei os movimentos tectónicos que levaram à formação do continente europeu, quando era primeiro-ministro...estava no "pograma" do meu governo! Chamam-me o "Professor Europa"!
Alegre: Bom, na Europa falam-se várias línguas e há várias culturas e é preciso perceber qual o papel da língua e da cultura portuguesas nesta europa das nações! Eu, como presidente da república, vou estudar afincadamente a europa e, quando chegar a alguma conclusão, comunicá-la-ei ao país, em horário nobre!

Qual de vocês é que é mais suprapartidário, numa frase?

Cavaco:
Eu sou tão suprapartidário quem, desde que meti o cartão de militante na gaveta, não posso ouvir falar em PSD que fico logo mal dos intestinos, cheio de flatulência. Aliás, quando o Marques Mendes me telefona para discutir a estratégia, ou aparece lá em casa para entregar os cheques de financiamento dos cartazes, a minha Maria tem de colocara máscara de gás, tal a lassidão das molas. Não há mais suprapartidário que isto!
Alegre: Eu sou tão suprapartidário que nem liguei, quando o Sócrates escolheu aquele traidor nojento, aquela víbora venenosa, aquele Judas Iscariote, aquele verme rastejante, aquela faca de dois legumes...aquele ex-amigo do Soares, para candidato do PS! Aceitei sem pestanejar, como só um verdadeiro suprapartidário poderia ter feito!

2 Comments:

Blogger Spirale said...

Meu amigo: MUITO BOM! Habreissessssssss.

3:34 da tarde  
Blogger Pedro said...

Parti-me a rir....tiveste inspirado!!!

9:06 da tarde  

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