Para quem ainda não tinha reparado: é Natal!
Nas minhas caminhadas pelas ruas de Lisboa, reparei que havia algo de diferente no ar...uma sensação indefinível de paz, alegria e fraternidade impregnava de forma muito subtil o ar.
Ao passar pela rua Augusta, observei horrorizado um árabe e um judeu ortodoxo, trajados a rigor, sentados numa esplanada em alegre convivio, frente a frente com um par de imperiais e um pires de caracóis fumegante, rindo, brincando e lançando piropos às raparigas que passavam.
Mais à frente, um grupo de super dragões e de no name boys, trajados a rigor, jogavam à sirumba. Sentados no chão, os seus amigos da juve leo, aguardavam a sua vez, discutindo acaloradamente o verdadeiro impacto do "Em busca do tempo perdido", de Proust, na literatura do século XX.
Com a minha extraordinária sensibilidade, percebi imediatamente, ao chegar ao terreiro do paço, que estes sinais, completamente ignorados pela generalidade da população, tinham um significado claro: o Natal está a chegar! Admito que a visão da árvore de natal de 72 metros de altura, 32 toneladas de peso e mais watts de luz que um concerto dos Rolling Stones, também ajudou um pouco.
Mas que época é esta, que apazigua inimigos figadais, reconcilia adeptos de clubes rivais e alfabetiza anormais, com um QI inferior ao do de uma bola de futebol da Adidas?
Para quem não sabe, o Natal é a celebração do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, o filho de Deus que, como é do dominio público, o pai mandou cá para nos salvar e - no que será forma mais original de demonstrar gratidão dos últimos 2000 anos - acabou pregado a uma cruz espetada no cimo de um monte na Palestina por alguns dos tipos que salvou! Os tempos eram outros, as gentes mais rudes e as formas de agradecimento menos sofisticadas, mas há que respeitar...para além do mais, o pai parece que ficou satisfeito, quer com o moço, quer com o pessoal que o pregou!
E o que fez este rapaz, para merecer que celebremos a data do seu nascimento?
Bom, na altura estava na moda o sermão e a pregação e, enquanto por cá andou, o altruísta Jesus não se cansou de fazer sermões e pregar! Para além do mais, pregou a paz, o amor e a solidariedade para com os mais fracos e menos favorecidos, conquistando, pasme-se, a simpatia dos mais fracos e menos favorecidos. Como, naqueles tempos dificeis, os mais fracos e menos favorecidos eram, grosso modo, toda a gente, pode-se dizer que escolheu bem o seu mercado alvo e a sua mensagem teve grande sucesso e implantação.
Outros houve que, com muito menos astúcia, pregaram a guerra e a opressão dos mais fracos pelos mais fortes, mas, dada a dimensão reduzida desse mercado, acabaram por ser nomeados ministros, viver uma vida de luxo sem trabalhar e cair no esquecimento. Houve ainda um que pregou a relatividade do espaço e do tempo em referenciais acelerados a velocidades próximas da da luz e falou do potencial energético da fusão de núcleos de átomos leves, mas todos se riram na sua cara e acabou desterrado no MIT, uma instituição para pessoas com problemas mentais e físicos nucleares.
Mas a mensagem de Jesus Cristo, conhecida pelos especialistas na matéria pela designação técnica e um pouco críptica (como os cientistas têm a mania de fazer) de "a mensagem de Jesus Cristo" ganhou tanta popularidade que perdurou até aos dias de hoje e é a principal razão pela qual celebramos até hoje o dia do seu nascimento.
E que melhor maneira de celebrar o amor, a solidariedade e o despojamento dos bens materiais, do que uma boa e tradicional histeria consumista, à moda da Galileia? Que melhor forma de homenagear o homem que correu os vendilhões do templo à chapada e ao pontapé, do que passar os fins de semana em centros comerciais atafulhados de gente até acima (os templos de hoje), correndo com os vendilhões à chapada e ao pontapé? Ou então comprando tudo o que é possível comprar, que vai dar quase ao mesmo, porque, como é sabido, se há coisa que os vendilhões nunca gostaram de fazer desde os tempos do templo, foi vender! São muito apegados aos seus produtos e parte-se-lhes o coração vê-los partir.
Assim sendo e, no verdadeiro espírito da quadra, vou ali para o Colombo homenagear Jesus e seguir a sua mensagem. Já estive a lubrificar os cartões multibanco, já calcei as botas da tropa e levo o meu taco de baseball na mão...os vendilhões que se cuidem!
Ao passar pela rua Augusta, observei horrorizado um árabe e um judeu ortodoxo, trajados a rigor, sentados numa esplanada em alegre convivio, frente a frente com um par de imperiais e um pires de caracóis fumegante, rindo, brincando e lançando piropos às raparigas que passavam.
Mais à frente, um grupo de super dragões e de no name boys, trajados a rigor, jogavam à sirumba. Sentados no chão, os seus amigos da juve leo, aguardavam a sua vez, discutindo acaloradamente o verdadeiro impacto do "Em busca do tempo perdido", de Proust, na literatura do século XX.
Com a minha extraordinária sensibilidade, percebi imediatamente, ao chegar ao terreiro do paço, que estes sinais, completamente ignorados pela generalidade da população, tinham um significado claro: o Natal está a chegar! Admito que a visão da árvore de natal de 72 metros de altura, 32 toneladas de peso e mais watts de luz que um concerto dos Rolling Stones, também ajudou um pouco.
Mas que época é esta, que apazigua inimigos figadais, reconcilia adeptos de clubes rivais e alfabetiza anormais, com um QI inferior ao do de uma bola de futebol da Adidas?
Para quem não sabe, o Natal é a celebração do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, o filho de Deus que, como é do dominio público, o pai mandou cá para nos salvar e - no que será forma mais original de demonstrar gratidão dos últimos 2000 anos - acabou pregado a uma cruz espetada no cimo de um monte na Palestina por alguns dos tipos que salvou! Os tempos eram outros, as gentes mais rudes e as formas de agradecimento menos sofisticadas, mas há que respeitar...para além do mais, o pai parece que ficou satisfeito, quer com o moço, quer com o pessoal que o pregou!
E o que fez este rapaz, para merecer que celebremos a data do seu nascimento?
Bom, na altura estava na moda o sermão e a pregação e, enquanto por cá andou, o altruísta Jesus não se cansou de fazer sermões e pregar! Para além do mais, pregou a paz, o amor e a solidariedade para com os mais fracos e menos favorecidos, conquistando, pasme-se, a simpatia dos mais fracos e menos favorecidos. Como, naqueles tempos dificeis, os mais fracos e menos favorecidos eram, grosso modo, toda a gente, pode-se dizer que escolheu bem o seu mercado alvo e a sua mensagem teve grande sucesso e implantação.
Outros houve que, com muito menos astúcia, pregaram a guerra e a opressão dos mais fracos pelos mais fortes, mas, dada a dimensão reduzida desse mercado, acabaram por ser nomeados ministros, viver uma vida de luxo sem trabalhar e cair no esquecimento. Houve ainda um que pregou a relatividade do espaço e do tempo em referenciais acelerados a velocidades próximas da da luz e falou do potencial energético da fusão de núcleos de átomos leves, mas todos se riram na sua cara e acabou desterrado no MIT, uma instituição para pessoas com problemas mentais e físicos nucleares.
Mas a mensagem de Jesus Cristo, conhecida pelos especialistas na matéria pela designação técnica e um pouco críptica (como os cientistas têm a mania de fazer) de "a mensagem de Jesus Cristo" ganhou tanta popularidade que perdurou até aos dias de hoje e é a principal razão pela qual celebramos até hoje o dia do seu nascimento.
E que melhor maneira de celebrar o amor, a solidariedade e o despojamento dos bens materiais, do que uma boa e tradicional histeria consumista, à moda da Galileia? Que melhor forma de homenagear o homem que correu os vendilhões do templo à chapada e ao pontapé, do que passar os fins de semana em centros comerciais atafulhados de gente até acima (os templos de hoje), correndo com os vendilhões à chapada e ao pontapé? Ou então comprando tudo o que é possível comprar, que vai dar quase ao mesmo, porque, como é sabido, se há coisa que os vendilhões nunca gostaram de fazer desde os tempos do templo, foi vender! São muito apegados aos seus produtos e parte-se-lhes o coração vê-los partir.
Assim sendo e, no verdadeiro espírito da quadra, vou ali para o Colombo homenagear Jesus e seguir a sua mensagem. Já estive a lubrificar os cartões multibanco, já calcei as botas da tropa e levo o meu taco de baseball na mão...os vendilhões que se cuidem!
6 Comments:
acho que os judeus e os árabes não podem comer caracóis. Como diria o velho amigo zé barata, "verificar sff".
E achas que podem lançar piropos às moças que passam?
Eu cá gosto mesmo é das prendas! HEHEHE e se só agora te passou pela cabeça que é Natal é porque não moras na minha zona. Se morasses tinhas percebido mais cedo... ou isso, ou então pensavas que tinham aberto uma data de cabarets na zona.
Marisa
Bom Natal
Belo texto mas.... caracois no Natal?!?!?!?!?
Bem podes dar lustro ao cartão com o chorudo ordenado q tens muitas prendas podes comprar.
Não te esqueças aqui do "je"
Feliz Natal !!!!
É o que dá dar pérolas a porcos! Ninguém reclama por eu pôr gajos da juve leo a discutir o proust, mas reclamam porque o árabe e o judeu estão a comer caracóis. Haja paciência para esta gente! :P
um juve leo a discutir proust é impossivel, caracois no natal é ridiculo!!!
:)
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