segunda-feira, outubro 24, 2005

Cavaquistão? Não, por favor!

Ao ouvir Cavaco quebrar o tabu, naquele tom ensaiado-cumó-caraças-a-tentar-parecer-espontâneo, até se me perfuraram as entranhas e misturaram os fluídos internos! Os gases invadiram-me os intestinos de tal maneira, que insuflei como um balão cheio de hélio e foram necessários 3 homens e vários metros de cabo de aço, para me baixarem do tecto e amarrarem à cama até o efeito passar, numa tempestada de flatulência muito pouco dignificante, para um rapaz da minha posição social.

Subitamente vi-me no passado, há 15 anos atrás, em pleno Cavaquistão profundo! Lá, o bolo-rei come-se de boca aberta a cuspir migalhas, como se fossem chuva e a palavra "programa" só tem um "r".

Lá, o primeiro ministro julga-se uma divindade infalível - o "Grande Timoneiro" da mitologia de Boliqueime - que "nunca se engana e raramente tem dúvidas".

Lá, o secretário de estado da cultura - cuidadosamente escolhido pela sua competência e apetência cultural - não distingue o Chopin do Quim Barreiros e pensa que ambos são violinistas clássicos já falecidos.

Lá, a maior descoberta arqueológica da Europa, nos últimos 50 anos, é despachada como sendo da autoria dos "moleiros locais" e é para ser submergida numa albufeira artificial onde, chega a dizer-se em tom que se pretende sério, se poderá fazer arqueologia subaquática.

Lá, as auto-estradas são sinónimo do desenvolvimento do oásis cavaquista, mesmo as que se desmoronam 2 dias depois da inauguração (e, por coincidência, 2 dias antes das eleições), por contraste com o deserto europeu (onde se investe noutras obras menos "estruturantes", como a educação e a formação da população, com os resultados que hoje todos conhecemos).

Foi este cavaquistão que me atingiu com a força de 20 furacões Katrina, mesmo no meio da testa...e, logo a seguir, atingiu-me outra vez!

Ao ouvir a voz inconfundível do "Professor", ao ser de novo confrontado com aquela arrogância, vinda do homem a quem podemos agradecer o "M" em "medíocre" (senão seria "economista edíocre" que, reconheço, tem muito menos musicalidade) e o "G" em "grunfo" ("o timoneiro é um runfo", não tem a mesma força que a nova versão) , voltei instantaneamente a colocar em cima da mesa a hipótese, há muito afastada, de emigrar para um país livre de Cavacos...isto antes de ir vomitar para a casa de banho!

É por isso que deixo este apelo: levem em consideração tudo o que fiz por este país e por este planeta! Não esqueçam os inestimáveis contributos que dei à arte e as descobertas científicas revolucionárias que ofereci - quase gratuitamente - à humanidade! Lembrem-se disso e NÃO VOTEM NO CAVACO!

E, se votarem e ele ganhar, juro pelo Grande Timoneiro, que governa o panteão dos deuses na celestial Boliqueime, que mando encher um Hércules C-130 com excremento de pombo chinês e bombardeio o palácio de belém! Vai ser espirrar migalhas de bolo rei até ao fim do mandato!

Deixem-me trabalhar!

sexta-feira, outubro 14, 2005

Estou com a pandemia!

No inicio da semana fui ao restaurante "O grande mandarim da, ainda maior, muralha da china, china, china" (fica mesmo ali entre os galinheiros da embaixada do Laos e o dojo de artes marciais orientais - que também serve refeições rápidas - "A galinha louca") comer a especialidade local: o magnifico ensopadinho de aves, com aves e vietnamitas, à vietnamita!

Infelizmente, estava a decorrer um jantar de comemoração da histórica amizada Turquia/Roménia, pleno de Turcos e Romenos, e os convivas, pouco habituados às agruras árcticas do furacão Vince, passaram o tempo todo a levantar-se e a sair para espirrar.

Ou seja, passei o jantar a levar com correntes de ar! E o resultado foi uma gripe! Todas as subtis referências à gripe das aves, nos dois parágrafos anteriores, eram mesmo só para enganar.

Consequentemente, o habitual tsunami criativo que costuma inundar de forma violenta e irresistível este blog e todos os adjacentes, estar reduzido a uma miserável e raquítica ondinha, incapaz de derrubar um castelo de cartas equilibrado de forma precária no nariz de um acrobata chinês, ele próprio de pé, em cima de uma vara de bambu, assente em 2 palitos espetados numa ervilha.

Mas nada temam! Quando estiver melhor, regressarei ao meu nível habitual e as vossas vidinhas monótonas e sensaboronas recuperarão alguma da luminosidade perdida!